Não existe maior aventura, senão aquela que nos incita a explorar as profundezas de nosso próprio Ser.
Não existe maior coragem, senão aquela que nos leva a assumir nossos erros e medos.
Não existe maior sabedoria, senão no conhecimento de sabermos quem somos.
Só com persistência, fé e verdadeiro amor poderemos cultivar a capacidade de nos abstrair de tudo o que nos é externo, permitindo assim envolvermo-nos num constante silenciar interno.
S.A.

English version:

Bigger adventure does not exist, than the one that in stirs us up to explore the deepening of our purpose to be.
Bigger courage does not exist, than the one that takes us to assume our errors and fears.
Bigger wisdom does not exist, than in the knowledge to know who we are.
Only with persistence, faith and true love we will be able to cultivate the capacity of abstracting ourselves from everything there’s external, allowing us to involving in one constant internal silence.
S.A.

sábado, 7 de julho de 2012

ONDE ESTÁS? OH, TU QUE TE REVESTISTES DA ILUSÃO, ACORDA!

Vou contar-vos uma história. Esta história, como muitas outras, nada tem de ficção senão o “parecer” que a ilusão com que a dualidade nos impregna faz transparecer.

Em tempos existiu uma criancinha que desconhecia existirem neste mundo outras como ela.
Desde tenra idade ela soube, através do seu coração, que ela não pertencia a este mundo. Ainda mal tinha largado as fraldas e ela já sabia que era uma “peça” que não encaixava neste mundo, e em seu intimo perguntava-se do porquê.

Mal entrou na primária, os problemas começaram a surgir, e ao verificar que não existia outra “peça” cuja simetria energética se assemelhasse à sua, ela optou por se fechar na sua concha.
Afinal, qual o sentido da vida quando não é encontrado um lugar onde perfeitamente possamos encaixar e faça com que a vida possa transbordar de sentido...?

A sua diferença não passou despercebida ao sentir dos outros. Crianças e adultos podiam sentir ou ver a diferença existente na natureza deste ser, sabiam que ela detinha algo que não podiam compreender, detendo incapacidade para lidar com aquilo que os ultrapassava, e fizeram o que só podiam fazer face à sua ínfima capacidade de compreensão. Eles passaram ora a agir com indiferença, como se ela fosse invisível e não existisse neste mundo físico, ora zombando com aspectos de situações que sucediam em plena sala de aula, os quais não lhes fazendo qualquer sentido jamais poderiam vir a compreender.

Ainda assim, incapaz de sentir raiva ou ódio perante a indiferença e a incompreensão com que com ela lidavam, ela os amou...

O que pode fazer um ser cujas simetrias energéticas diferem em muito das de outros seres, mas cuja sujeição à ilusão da dualidade é de todo idêntica?
Afinal a educação foi desvirtuada de modo a desviar o ser da sua essência primordial e não para o levar ao seu encontro. E esta era exactamente a razão do que sucedia em plena sala de aulas. Enquanto muitos eram sujeitos a um condicionamento mental total, ela ficava por completo alheia a esse condicionamento evadindo-se, não ficando á mercê de comandos hipnóticos que desde cedo os seres humanos são sujeitos a aprender a obedecer, levando-os a criar regras e hábitos que induzem o esquecimento do que são, ao invés de os relembrar...

A criancinha cresceu, sentindo a aspereza de todo um ambiente inóspito ao seu redor, onde poucos pareciam conseguir agir fora do conceito de normalidade. Na altura ela mal se apercebia de que esses poucos seres na sua maioria, eram detentores de quatro patas ou de duas patas e asas mas, quanta não era a sua capacidade de inteligência e percepção, tão rara de ser encontrada nos seres ditos humanos, o que fazia com que a interacção surgisse como algo natural, pois esta sucedia partindo da essência do ser, e como tal, não ficava sujeita ao escrutínio do intelecto que tudo racionaliza gerando mais o mal que o bem através da racionalização de tudo.
Sentindo-se uma aberração por sua natureza sair dos conceitos e parâmetros da normalidade e sendo envolta pela ilusão da dualidade, ela passou a agir com indiferença perante a sua nítida diferença numa sociedade constituída por seres ditos normais.
Passou a negar a natureza da sua essência e sujeitou-se aos desejos e vontades criados por outros completamente rendidos e sujeitos a esses parâmetros. Tal, levou a que os seres que a acompanhavam a partir da invisibilidade passassem a ter de chamar-lhe a atenção gerando fenómenos ao seu redor, que não sendo compreendidos a fecharam ainda mais e a fizeram entregar-se ao dito conceito de normalidade aqui existente. Afinal, tudo o que ela mais podia desejar era não ser diferente dos demais...
Medos foram gerados a partir dessa forma de raciocínio criada artificialmente pela acção da dualidade, na qual, as crenças e a ilusão são o ponto forte que levam os humanos a afastar-se da sua natureza real.
O intelecto ganhou autonomia e o sentir do coração apesar de sempre presente deixou de ter o poder de comandar ao ficar sujeito aos julgamentos e questionamentos que através do intelecto foram de imediato criados.
E foi a partir daqui que toda uma batalha se iniciou no interior do seu ser. A negação, a revolta, o incumprimento insurgiram-se, e o caminho foi desviado.
Mas, como tudo tem um tempo, ou não tivéssemos nós, seres de outros mundos, sido colocados neste mundo onde o tempo é um factor forte e determinante, a aproximação da hora levou a que as chamadas de atenção redobrassem e intensificassem, gerando um alerta, uma chamada interior, de que o caminho precisava ser retomado, e limpezas gerando reforma interior necessitavam ser feitas de forma a que o ser pudesse vir a recuperar a sua memória ancestral, possibilitando o seu alcance á interacção directa com a fonte do ser.

Existem seres aqui, que tal como a criancinha da história, são seres diferentes na forma de olhar e sentir tudo o que os rodeia.
Eles vêem além, sendo providos de uma forma de perceptir através de um coração puro, que se negou a deixar-se vencer pela ilusão da dualidade.
Ele vêem mais e sentem mais do que outros, e por essa razão, eles também sofrem mais. São os verdadeiros sofredores do mundo, que limpam a dor filtrando-a através dos seus corações benévolos e compassivos.
E eles estão aqui para fazer a diferença. Não para condenar o mundo. Não para sacrificar os impuros. Mas, simplesmente, para serem um exemplo de que é possível libertar-se das amarras da ilusão, e dissolvendo-as tornarem-se seres livres. E nisto o querer, a vontade de querer sair do comando do sacrifício auto imposto, precisa actuar. Precisamos dissolver tudo o que foi e é determinado pela auto imposição que advém do exterior do ser, reformulando tudo a partir do interior do ser. E aqui, é uma vontade forte e inatingível às forças externas que pode impulsionar e gerar um processo alquimico no interior do ser, que o transformará por completo. Produzindo uma suficiente imunidade perante as influências que actuam externamente através da ilusão da dualidade.
O mais determinante neste processo será deter plena consciência de que a força com que a imunidade se fará actuante, dependerá em muito da força de vontade do querer de que nos capacitarmos a gerar a partir do nosso interior.

A partir daqui os véus que escondem a dualidade e que dissipam as suas forças ilusórias da nossa percepção, começarão a cair, e uma por uma acabarão por ruir. E à medida que forem sendo desmanteladas, ruindo à nossa volta, iremos sendo capacitados a recuperar a visão e real percepção do significado deste mundo para com quem cada um de nós É na verdade do SER.

Alguns de nós foram como essa criancinha, mas pelo percurso no caminho que percorreram, acabaram por esquecer o que sentiam e como o sentiam quando olhando o mundo pelos olhos de um coração livre de mágoas e ressentimentos.
Acabaram perdidos e esquecidos daquilo que aqui os trouxe.

Onde te escondes tu, criancinha adormecida num corpo de adulto?
Ondes estás?
Oh, tu que te revestistes da ilusão, acorda!
E ao acordar, recupera o olhar da criança que tudo ama e nada julga, e a partir dessa visão, actua neste mundo que anseia pelo teu despertar.